sexta-feira, 19 de maio de 2017

APRECIE

As crianças nos ensinam coisas novas todos os dias. Eu já tinha ouvido dizerem isso, mas foi só quando me tornei mãe que me dei conta da dimensão desse ensinamento.
Quando Emanuelle tinha seis meses, parecia estar sempre olhando para cima, procurando alguma coisa. Acompanhando seu olhar, descobri a magia das folhas dançando nas árvores e o movimento das nuvens no céu. Com oito meses, ela olhava para baixo, enquanto eu a empurrava no carrinho. Percebi, então, que cada pedra é diferente, que as rachaduras nas calçadas fazem desenhos interessantes e as folhas da grama têm verdes diversos.
Quando ela fez onze meses, aprendeu a dizer “Uau!”, palavra que usava maravilhada, ante qualquer coisa nova e deslumbrante, como a variedade de brinquedos do consultório do pediatra ou o acúmulo de nuvens negras antes de uma tempestade. Ela falava baixinho “Uau!” para coisas que realmente a impressionavam, como o sopro do vento no seu rosto ou um bando de pombos levantando voo. E, finalmente, o máximo em matéria de “Uau!” era sua boquinha aberta, mas sem emitir som, reservado para ocasiões realmente surpreendentes, como um pôr do sol num lago depois de um lindo dia ou fogos de artifício no céu de verão.
Emanuelle me ensinou muitas formas de dizer “Eu te amo”. Quando tinha quatorze meses e estávamos abraçadas, ela, com a cabecinha recostada no meu ombro, suspirou fundo e disse: “Feliz.” Num outro dia (já com dois anos e levada como ela só), apontou para uma linda modelo na capa de uma revista e perguntou: “É você, mamãe?”
Há pouco tempo, agora com três anos, entrou na cozinha enquanto eu lavava a louça e ofereceu: “Posso ajudar?” Logo depois, colocou a mão no meu braço e me fez derreter: “Mamãe, se você fosse pequena, eu queria ser sua amiga.”
Em momentos assim, tudo que posso dizer é “Uau!”.
Aprecie tudo o que Deus te deu.
Marisete Silva

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